segunda-feira, 30 de abril de 2012

Quanto tempo dura um dia?


Hoje eu resolvi sentir saudade de você, mesmo prometendo pra mim mesmo que isso nunca mais ia acontecer, que te ver passar ao meu lado sem me olhar não ia doer, que ver que você tem outras pessoas te fazendo sorrir, e que não ia ligar de não te ter por perto, que nada relacionado a você iria me abalar de novo. Hoje eu resolvi sentir saudade da tua boca meio aberta, do teu dedo torto, do teu cabelo estranho, da tua perna torta, da tua risada alta, da tua falta de educação, do teu frio quanto eu sinto calor, das tuas respostas escondidas em outras perguntas. Eu resolvi sentir saudade de tudo aquilo que construímos e abandonamos logo apos. Hoje eu resolvi parar bem perto do nosso castelo de areia e observar de perto que as minhas tentativas não vão convencer o mar a não derruba-lo. Hoje eu resolvi por pra fora todo esse sofrimento de que correr atras já não adianta. Hoje eu coloquei aquela musica só pra lembrar de você, e pensar em baixar de novo aquele filme que agente concorda que é bom. Hoje eu me permiti chorar por sentir a sua falta e por saber que nada mais será o mesmo. Hoje eu senti falta de você para ouvir eu reclamando de como eu sempre ouço bronca... eu senti saudade até de ouvir bronca de você. Acabei de retroceder, hoje, todas as vidas que estive feliz com você por perto, e retroceder todas aquelas memorias constituídas da imagem do murinho, daquele enorme filme em que eu apareço chorando e você só olhando o quanto meu nariz fica enorme quando isso acontece. Hoje eu desejei que tudo isso fosse só um dia triste em que brigamos. Só um dia triste. Só um.
Um dia que ta querendo virar semana.
E me da vontade de te falar as coisas que voce sempre me disse; pegar no teu ombro, te sacudir, e gritar o mais alto que meus pulmões e gargantas permitirem: reage, reage agora, porque eu preciso de você, eu sempre precisei e você sempre quis tampar os olhos para isso. Não posso te prometer muita coisa, sou muito ruim nisso de cumprir, eu tenho uma preguiça danada de ser muita coisa, de fazer muita coisa, mas eu prometo que vou ser assim do seu lado, e só peço que me aceite, assim, meio torta, meio mole, meio calada, mas eternamente grata e feliz por ter você, eu só te peço que me aceite, e quem sabe, me de um abraço no final, porque essa com essa saudade não da mais.

quinta-feira, 19 de abril de 2012


Cara amiga,

Me desculpe por nesses últimos tempos ter transpirado muita tristeza por todos os poros que você possa ver em mim. Tenho que te explicar que sou meio assim, uma gota de aguá na ponta de qualquer coisa, pode ser que eu caia, pode ser que não, mas dessa ultima vez eu caí, não sei se exatamente no chão. Sei que essa vida não tá fácil pra ninguém, e eu tenho muita coisa que muita gente deseja - eu também já disse muito isso me referindo a outras pessoas, mas a gente nunca sabe de verdade o que se passa por dentro, e esse tiro no escuro complica muito mais as coisas; E por isso me afasto, pra não acabar machucando ninguém - se houver alguém por perto.
Me distancio pra tentar acalmar as coisas, tenho medo até do vento certas horas, e fico assim, calada, fachada em mim, e só pra mim, e espero ansiosa também que venha logo os raios de luz trazendo de volta toda aquela tagarelice que eu sempre tenho, minhas risadas altas, e os barulhos estranhos quando eu falo de coisas boas. E pretendo, nesse meio tempo, recompensar essa minha atitude de adolescente desequilibrada.
Não peço que te preocupes, pelo contrario, aproveite esse momento pra cuidar mais de você, enquanto eu to cuidando de mim pra você, e peço calorosamente que tente não se importar quando isso se repetir - porque, infelizmente sempre se repete, que nem chuva, que vem se avisar e deixa novas gotas em outras pontas de qualquer coisa - e aceite isso como uma característica minha.
Quero deixar claro também, que continuo te amando, mesmo que de longe e mesmo que em silencio, e se você precisar, engulo os meus medos e meus anseios pra te oferecer meu ombro, que apesar de duro adoraria ser teu. Não leve as sérios as loucuras que eu acabo dizendo nessas situações, é só uma criancinha dentro de mim, que grita e esperneia, faz ameaças só pra ficar mais na cama, e é isso que eu faço, coloco ela pra dormir.
Não é fácil ser minha própria mãe. Obrigada por esses 5 minutos de atenção, agora vai pentear os cabelos, te quero bonita quando voltar.

Um beijo com todo meu amor e carinho,
Gota Larissa.
Odeio morar no pé do Everest

domingo, 15 de abril de 2012

Chegou a hora de seguir em frente... sozinha. Pra que sentir a dor duas vezes?
Estou me sentindo no meio a uma encruzilhada e a dor já é física: um despertador chamado dor de cabeça, que quase todos os dias quase na mesma hora vem me acordar pra vida real.
Não sai nada da minha boca, mas na minha mente... Nela há uma explosão de um milhão e meio de coisa tão confusas e enlouquecedoras que o apocalipse se tornaria literatura infantil.  Uma tsunami de coisa que não acaba nunca.
Estou sozinha em 2012, no final do mundo dentro de mim. Eu sou uma ficção assustadora.
Estou ponto o dedo na ferida, bem lá no fundo tentando tirar as balas que eu não acho - como quando se procura uma coisa, só se acha outras coisas que em outrora não estaria ali -, as balas dessa guerra caótica que é existir

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Por favor, faz o tempo parar

Adoraria ser criança de novo e pensar que é só colocar uma roupa cor-de-rosa que eu me tornaria um princesa sem precisar lavar o rosto três vezes por dias com um batalhão de produtos, me preocupar com depilação, perfume, dente, cabelo, roupa, sapato e mais uma lista de infinitas coisas que no final me deixaria tão cansada de fazer em um dia, que eu deixaria toda essa historia de ser princesa pra próxima semana junto com a segunda via da carteira de identidade porque a foto 3x4 tá muito feia.
Olha, eu só não quero fazer 18 anos, nunca, não quero ser de maior, não quero ser responsável, eu não quero poder gritar que sou livre não... fiquei tanto tempo trancafiada que acabei me acostumando, fazendo disso meu conforto, chega tenho medo dessa tal liberdade que vocês tanto gritam querendo, e que por um acaso anda muito modificada, manipulada...
É tanta coisa pra se fazer, pra se pensar, pra se projetar e depois colocar em ação que eu vou deixando sempre pra depois, porque dá tempo não é? E eu não vou mais envelhecer, e não vou me arrepender depois de não ter aproveitado esse momento.
Eu só não queria deixar de ser a caçula,  a pequena, a pirralha, sabe? Eu tenho medo de ser grande demais e não caber mais nos abraços - que já nem sei se ainda tenho -, e é da boca pra fora quando eu digo que quando eu for "de maior" vou tatuar liberdade no meio da linha do infinito...
Sempre me falaram para ter cuidado quando eu começava a correr, não sujar as paredes quando eu usava tinta, passar protetor, e lavar qualquer machucado com bastante água e sabão, mas nunca falaram que o tempo passava tão rápido assim e que o relógio conta muita coisa, muito mais coisa do que se tem no baú de brinquedo.
Eu quis me fazer de durona enquanto não passava de uma orgulhosa que preparava alguma coisa pra comer.
Quero que me abracem de novo, como se eu ainda fosse a garotinha que se ralou aprendendo a andar de bicicleta, quero um porto seguro. Eu sinto tanta falta de ser cuidada e feliz, e nao ter medo, nem vergonha, nem preocupações e cobranças e nem essa maldita responsabilidade batendo na porta.
Ainda sinto que estou na fase dos "por que's": sempre me pergunto por que a gente vive pensando em voltar atras, por que o meu cabelo não é que nem o dela, e por que a gente nasce tão miudinho, cresce e depois se sente miudinho de novo? Por que a cor da pele da gente muda quando vê o sol? parece vergonha... e por que tem gente que tem vergonha da sua pele?
A gente parece um pouco com os cachorros, ficamos no chamego da mãe por um tempo pra depois ir pra bem distante e esperar que outras pessoas cuidem da gente, ou então a gente tem que aprender a se virar sozinho como acontece na maioria das vezes. Como se já não bastasse se sentir sozinho no meio de tanta gente, imagina como a gente se sente quanto tá realmente só?
No final, tudo mundo é um pouco carente, e eu quero ser infinitamente miudinha, pimpolha, mascote, pequena, novinha só pra poder ter a liberdade de sempre ser dengosa sem julgamentos e ganhar todas aquelas coisas de quando a gente é criança pensa logo em se livrar, pensa que ser gente grande é fácil e quer ser o mais rápido possível.
Acho que todo mundo daria uma vida para começar outra... Bem diferente, então.

domingo, 25 de março de 2012

Passei o dia não querendo sair do meu quarto, e uma hora ou outra eu chorava, chorava até o lençol não ser o suficiente pra enxugar isso tudo.Hoje minha mãe me chamou pra ir ao shopping, e eu não quis ir - e eu nunca rejeito shopping - só não acho que eu meu cabelo ao natural possa ser visto, e que eu não tenho mais nem roupas e nem sapatos, e mesmo se tivesse, nada ficaria legal em mim.
Eu to me sentindo tão feia, e tão gorda, mais tão gorda que eu entro em uma pré-depressão que só penso em comer, e depois me olhar no espelho, e na balança, e imaginar que como isso poderia ser diferente e não é.
Eu acabo o dia trancada no meu quarto com tudo escuro, e eu só sei cantar a parte da musica que diz "cuida bem de mim". Mas quem? Quem cuida bem de mim? Nem eu cuido mais de mim, eu já não sei o que eu to fazendo, já não sei o que eu quero.
Eu queria que você me desculpasse por não ter ido te ver hoje, mas já não me sinto bem saindo de casa.
Eram sete da noite quando eu tomei um comprimido querendo dormir, já se passou uma hora e eu não paro de chorar, e bem, a minha garganta dói muito por isso, como se eu tivesse sendo forçada a engolir isso tudo mais uma vez e parar de sentir.
Mas é isso: eu sou uma idiota, uma menininha chorando por causa da sua primeira tpm e só chora perguntando pra Deus por que não nasceu menino.
           
Você disse outro dia que eu já sou grandinha né? Pois bem, joguei tanto roupa fora... Joguei tanta coisa achando que isso tudo – ou boa parte ia mudar, deixei um espaço enorme pro novo entrar, mas olha, eu não to preparada.

E eu só queria que alguém me visse isso tudo nos meus olhos, ou nas minhas pálpebras inchadas, ou na minha alimentação errada, ou em qualquer lugar, mas visse. Eu só queria ser normal, alegre e satisfeita.

Eu queria tanto coisa na verdade, mas de tanto "não" que eu venho recebendo, já nem peço mais.

sexta-feira, 23 de março de 2012

Desenrola sobre mim o que jurou não usar mais, esquenta meu pé para inicio, e vai me envolvendo com tua grosseria.
Coloca para o lado o que logo será puxado de volta. Sente olhos inertes te filmando. "Talvez seja só imaginação". Fecho os meus olhos e faço de conta que nem aqui estou mais. Vaza de mim: segredos. E as minhas mãos tímidas te guiarão. Ser teu chão. Grama molhada no sereno.
Serena era tua boca perto da minha orelha sussurrando, quase só respiração.
Ouço barulhos e espero que seja só você transbordando da cama até as cortinas.
Não abra as janelas, vamos nos manter nesse clima por mais tempo.

segunda-feira, 19 de março de 2012

É como um sonho de olhos abertos que te vêem na minha cama, com teus cabelos escuros que quase me perco nesse breu só com tua imagem em mente, tua pele que já não vê sol todo dia, mas sempre se mantem quente em comparação a minha. E eu fico na porta do quarto, só te olhando, por não ser capaz de falar nada, e nem de tentar fazer nada que possa mudar essa imagem da minha frente, tuas costas nuas pedindo o meu toque suave como se tu fosses de areia, como um castelo na beira do mar pronto e feito para desmoronar.
Com um suspiro tudo isso some, e vejo novamente que isso não passou de uma ilusão, como o caderninho aberto com um lápis na barra de baixo do word enquanto dígitos as palavras que no fundo só dizem você.
Penso se isso é amar, gostar, ou mero de cuidado de querer vê por perto, e como te quero por perto, como quero estar contigo a todo o momento e esquecer que isso não pode acontecer de verdade, e esquecer que isso não é de verdade...