segunda-feira, 2 de abril de 2012

Por favor, faz o tempo parar

Adoraria ser criança de novo e pensar que é só colocar uma roupa cor-de-rosa que eu me tornaria um princesa sem precisar lavar o rosto três vezes por dias com um batalhão de produtos, me preocupar com depilação, perfume, dente, cabelo, roupa, sapato e mais uma lista de infinitas coisas que no final me deixaria tão cansada de fazer em um dia, que eu deixaria toda essa historia de ser princesa pra próxima semana junto com a segunda via da carteira de identidade porque a foto 3x4 tá muito feia.
Olha, eu só não quero fazer 18 anos, nunca, não quero ser de maior, não quero ser responsável, eu não quero poder gritar que sou livre não... fiquei tanto tempo trancafiada que acabei me acostumando, fazendo disso meu conforto, chega tenho medo dessa tal liberdade que vocês tanto gritam querendo, e que por um acaso anda muito modificada, manipulada...
É tanta coisa pra se fazer, pra se pensar, pra se projetar e depois colocar em ação que eu vou deixando sempre pra depois, porque dá tempo não é? E eu não vou mais envelhecer, e não vou me arrepender depois de não ter aproveitado esse momento.
Eu só não queria deixar de ser a caçula,  a pequena, a pirralha, sabe? Eu tenho medo de ser grande demais e não caber mais nos abraços - que já nem sei se ainda tenho -, e é da boca pra fora quando eu digo que quando eu for "de maior" vou tatuar liberdade no meio da linha do infinito...
Sempre me falaram para ter cuidado quando eu começava a correr, não sujar as paredes quando eu usava tinta, passar protetor, e lavar qualquer machucado com bastante água e sabão, mas nunca falaram que o tempo passava tão rápido assim e que o relógio conta muita coisa, muito mais coisa do que se tem no baú de brinquedo.
Eu quis me fazer de durona enquanto não passava de uma orgulhosa que preparava alguma coisa pra comer.
Quero que me abracem de novo, como se eu ainda fosse a garotinha que se ralou aprendendo a andar de bicicleta, quero um porto seguro. Eu sinto tanta falta de ser cuidada e feliz, e nao ter medo, nem vergonha, nem preocupações e cobranças e nem essa maldita responsabilidade batendo na porta.
Ainda sinto que estou na fase dos "por que's": sempre me pergunto por que a gente vive pensando em voltar atras, por que o meu cabelo não é que nem o dela, e por que a gente nasce tão miudinho, cresce e depois se sente miudinho de novo? Por que a cor da pele da gente muda quando vê o sol? parece vergonha... e por que tem gente que tem vergonha da sua pele?
A gente parece um pouco com os cachorros, ficamos no chamego da mãe por um tempo pra depois ir pra bem distante e esperar que outras pessoas cuidem da gente, ou então a gente tem que aprender a se virar sozinho como acontece na maioria das vezes. Como se já não bastasse se sentir sozinho no meio de tanta gente, imagina como a gente se sente quanto tá realmente só?
No final, tudo mundo é um pouco carente, e eu quero ser infinitamente miudinha, pimpolha, mascote, pequena, novinha só pra poder ter a liberdade de sempre ser dengosa sem julgamentos e ganhar todas aquelas coisas de quando a gente é criança pensa logo em se livrar, pensa que ser gente grande é fácil e quer ser o mais rápido possível.
Acho que todo mundo daria uma vida para começar outra... Bem diferente, então.

Um comentário:

  1. Adorei o texto lari...parabéns pelo seu talento.
    Verdades bem expostas =D, Beijos, se cuida

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